AOCP – EBSERH – UFGD/MS Respiratória 2014 – Questão 39

39. Em relação à técnica de desmame que utiliza o tubo T, assinale a alternativa correta.

(A) Deve-se manter a saturação de oxigênio acima de 90% com FiO2 acima 40%.

(B) Pode ser realizada com o auxílio de oxigênio suplementar pelo período de até 2 horas.

(C) Sinais de intolerância não devem ser valorizados, pois esse é o objetivo do teste.

(D) Em caso de falha, uma nova tentativa deve ser realizada o mais breve possível.

(E) Essa técnica somente é usada em caso de desmame difícil.

mamadeira

A alternativa “A” é incorreta, a FiO2 deve estar abaixo de 40%.

Alternativa B correta.

A alternativa “C”, putz grila, desde quando desmame é teste? O teste que se realiza antes do desmame é chamado de “teste de respiração espontânea”, onde se observam os seguintes parâmetros:

1

O teste de respiração espontânea (método de interrupção da ventilação mecânica) é a técnica mais simples, estando entre as mais eficazes para o desmame. É realizado permitindo-se que o paciente ventile espontaneamente através do tubo endotraqueal, conectado a uma peça em forma de “T”, com uma fonte enriquecida de oxigênio, ou recebendo pressão positiva contínua em vias aéreas (CPAP) de 5 cm H2O, ou com ventilação com pressão de suporte (PSV) de até 7 cm H2O.

Na alternativa “D”, bem, ela é duvidosa. Porque se “o mais breve possível” se entender for quando houver segurança para a nova tentativa, então teoricamente essa afirmação estaria certa, pois digamos que ” o mais breve possível” seja um período de 24 horas depois da primeira tentativa. Mas não é essa a intenção da banca, esse tipo de afirmação é um prato cheio para se entrar com recurso, por isso marco essa questão como erro da organizadora. Creio que a frase “o mais cedo possível” foi inserido no lugar da frase “imediatamente depois”, e que, nesse caso, realmente estaria errada a afirmação.

Desmame da ventilação mecânica é um processo de readaptação, em que o paciente reassume a ventilação espontânea sem necessitar da ventilação artificial.

Entre os métodos tem-se o desmame com tubo T em que após ser desconectado da prótese ventilatória inicia-se o desmame com períodos de cinco minutos, crescentes até duas horas, de acordo com a tolerância do paciente.

Os critérios para dar início a retirada da ventilação mecânica até o momento da extubação compreendem avaliações constantes dos fatores fisiológicos da mecânica respiratória e do nível de consciência, estabilidade do quadro hemodinâmico, arritmias cardíacas controladas, nível de consciência normal ou dentro do esperado, padrão radiológico sem observação de pneumotórax, derrames pleurais e atelectasias, infiltrados interticiais e/ ou alveolares, ausência de distúrbios hidroeletrolíticos, nutrição adequada, Pimax >ou = -20cmH2O, Pemax > 60cmH2O, PO2/FiO2 > 200, FR/VC < 100, FiO2 5 ml/kg e FR < 28 3.

O desmame passa por quatro fases até o paciente ser extubado.
1ª fase: início da respiração espontânea, diminuição da FR, diminuição do Consumo de O2, manutenção da PEEP, alteração da modalidade CMV para IMV/ SIMV com uso da pressão de suporte adequado para que o paciente mantenha o volume corrente exalado e a FR em níveis aceitáveis;

2ª fase: paciente colaborando sem sinais de fadiga respiratória, diminuição da FR até uma respiração por minuto, diminuição do Consumo de O2 a fração menor ou igual a 40%, PEEP igual a 4 cmH2O, pressão de suporte deverá ser diminuída de 5 em 5 cmH2O até atingir o valor de 5 cm H2O;

3ª fase: respiração espontânea, colocar modalidade CPAP com pressão de suporte igual a 5 CPAP simples ou tubo T;

4ª fase: extubação.

Para que esse processo seja realizado com sucesso é necessário que haja uma adequada troca gasosa, interrelação entre quantidade de trabalho respiratório necessária, eficácia da bomba muscular respiratória com fatores psicológicos favoráveis, evitando tentativas mal sucedidas consequentes de falhas na abordagem ou no planejamento do desmame.

A retirada da ventilação artificial pelo tubo T ocorre com períodos de cinco minutos, progressivamente crescentes até duas horas, de acordo com a tolerância do paciente, sendo intercalado com aproximadamente uma hora com ventilação assisto-controlada.

Para a retirada gradual com tubo T: o paciente é conectado a um tubo com uma mistura gasosa aquecida, com uma FiO2 < 0,1 acima daquela utilizada na ventilação pulmonar mecânica e a outra extremidade do tubo com saída livre para desmame. Este método permite que o paciente respire espontaneamente por um período de tempo pré determinado intercalado com o suporte ventilatório total. O tempo que o paciente permanecerá em respiração espontânea vai depender de sua capacidade e da resistência da musculatura respiratória.

Inicia-se com períodos de cinco minutos a cada 30 a 180 minutos aumentando o período gradativamente até que o paciente respire espontaneamente por duas horas consecutivas, quando então será considerada a extubação.

Após permanecer por duas horas consecutivas em ventilação espontânea com tubo T sem sinais de desconforto respiratório, respirando espontaneamente e sem preencher os parâmetros de retorno para ventilação mecânica, extuba-se o paciente.

Entre os parâmetros para retorno à prótese ventilatória é necessário uma SaO2 < 90%; PaO2 50mmhg; frequência respiratória > 35 irpm; frequência cardíaca > 140 bpm; PAS > 180mmhg e redução do nível de consciência.

Os fatores que retardam o processo de desmame são: hipoxemia, falência da bomba muscular respiratória devido hiperinsuflação, atrofia muscular respiratória, disfunção diafragmática, fadiga muscular respiratória e fatores psíquicos.

Deixo aqui um artigo em PDF que complementa as informações acima:
http://www.mediafire.com/view/dxcwg5gdw93f11y/2007_demame_e_ventila%C3%A7%C3%A3o_mec%C3%A2nica.pdf

Alternativa assinalada no gabarito da banca organizadora: B

Alternativa que indico após analisar: B ou D

Deixe um comentário