Mecanismo de lesão, tipos e sintomas de lesão em LCA e menisco – Atualizado em 14/04/2022
Mecanismo de lesão do LCA
Existem alguns fatores que podem estar associados às lesões meniscais e do LCA. Estas lesões quando inadequadamente conduzidas podem desencadear um desgaste progressivo do joelho. Seja pela elevada exigência física da alta performance ou por prática inadequada, as atividades esportivas são causas muito frequentes de lesões no joelho.
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As lesões traumáticas do LCA, também chamadas de lesões com contato, costumam cursar com trauma na região posterior da tíbia causando anteriorização excessiva. Pode ocorrer também por um trauma na face lateral da perna, como uma pancada que ocasione valgo excessivo, principalmente com o pé apoiado ao solo.
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O trauma em valgo com o pé apoiado costuma gerar não apenas uma anteriorização da tibia, causa rotação medial do fêmur com rotação compensatória da tíbia e consequente ruptura do LCA. O mecanismo de lesão mais comum do LCA consiste na combinação de joelho semifletido + valgo dinâmico do joelho + pé fixo no solo.
As lesões atraumáticas do LCA, também chamadas de lesões sem contato, cursam com rotação medial do fêmur ou com hiperextensão forçada. O LCP é o ligamento mais tensionado pela hiperextensão, mas sendo um ligamento muito mais forte que o LCA, suporta o estiramento mesmo sendo tensionado pouco antes do LCA, que quando submetido à mesma tensão acaba sofrendo estiramento enquanto o LCP ainda está suportando a carga.
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Frequentemente durante a aterrissagem, após um salto ou torção em movimentos rápidos de mudança de direção (pivô). Muitas vezes o menisco medial é lesionado no mesmo momento, uma vez que o LCA se localiza perto da região de inserção anterior do menisco medial. Alguns traumas de maior intensidade são denominados de “Tríade infeliz”, que é caracterizado por ruptura do LCA, lesão do menisco medial e estiramento do colateral medial.
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Mecanismo de lesão dos meniscos
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Os mecanismos de lesão do menisco podem ser traumáticos ou degenerativos e variam conforme a idade do paciente. Lesões traumáticas estão associadas a movimentos rotacionais bruscos do joelho (entorses), mais comum em pessoas jovens e ativas, e frequentes durante a prática de atividades esportivas, principalmente aquelas cujo gesto esportivo envolve movimento rotacional, deslocamento com mudança de direção, aceleração e desaceleração rápidas.
Lesões degenerativas, via de regra, são comuns em pacientes acima de 50 anos. Com o envelhecimento e a diminuição do fluxo sanguíneo local o menisco se degenera e isso pode levar a lesões com mais facilidade, eventualmente ocorrendo em traumas de menor intensidade.
Embora as lesões do menisco ocorram com muita frequência na prática esportiva, também podem acontecer em situações da rotina da vida diária, para surpresa de muitos pacientes que acham que o fato de não fazer esporte os deixa livre destas lesões. Girar rápido o corpo sobre uma perna apoiada no chão; agachar-se muito rápido, por muito tempo, ou levantar-se rapidamente após agachamento são alguns dos exemplos.
Canto posterolateral
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O canto posterolateral é um conjunto de 4 estruturas localizadas atrás e lateralmente no joelho: 1)LCL; 2) músculo e tendão poplíteo; 3)ligamento fabelofibular e 4) ligamento arqueado.
O LCL e o músculo poplíteo evitam o bocejo em varo (ou duplo varo) e possuem importante função rotacional no joelho.O músculo poplíteo possui o tendão poplíteo, que passa por baixo do LCL e se insere no epicôndilo lateral do fêmur. Algumas pessoas possuem a fabela, que é um osso sesamoide na região posterior do joelho, também possuem o ligamento fabelofibular e o ligamento arqueado, que sai da cabeça da fíbula e se insere na cápsula posterior do joelho.
Esse conjunto de estruturas garantem a estabilidade do joelho. A lesão dessas estruturas costumam vir aocmpanhadas de luxação do joelho, que é um mecanismo de lesão comum do LCP. No entanto algumas raras lesões de LCA também vêm acompanhadas de lesão do canto posterolateral do joelho. É importante testar a estabilidade dessas estruturas no final da reabilitação do LCA em razão da alta probabilidade de recidiva de lesão do LCA em caso de lesão dessas estruturas. É importante saber que não se deve testar em fase inicial de reabilitação do LCA em razão do estresse causado nessa fase inicial do tratamento pós-operatório.
Sintomas de lesão no menisco
Os sinais e sintomas mais comuns após a lesão do menisco são a dor e o derrame articular, que é o inchaço que muitos chamam de “água no joelho” e que corresponde ao aumento da produção do líquido sinovial. Nas lesões traumáticas há início da dor logo após o trauma, localizada no compartimento em que ocorreu a lesão meniscal, sendo a região interna do joelho quando a lesão é do menisco medial ou a região lateral quando a lesão é do menisco lateral. Com o edema, às vezes essas dores se tornam difusas pelo joelho.
Quando a lesão é de causa degenerativa é comum não se saber definir exatamente quando a dor começou e o local exato da mesma no joelho.
Algumas lesões mais graves podem gerar limitação, bloqueio ou episódios de travamento da articulação do joelho, que podem acontecer algumas horas ou até alguns dias após o entorse. Isso ocorre devido a um bloqueio mecânico causado pela movimentação do fragmento lesionado do menisco, que se interpõe no espaço femorotibial, vez ou outra levando também ao aparecimento de estalidos(barulhos) durante a movimentação dos joelhos.
Tipos e localização das lesões meniscais
As lesões do menisco podem ser muito variadas e o entendimento completo de todas as características da lesão é fundamental para a indicação do melhor tratamento possível. É preciso definir qual o menisco lesado, qual a localização da lesão neste menisco, qual o formato da lesão e há quanto tempo ocorreu a lesão.
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O menisco apresenta-se anatomicamente dividido em 3 diferentes regiões. A parte posterior chamada de corno posterior, a parte anterior chamada de corno anterior e a parte entre elas chamada de corpo do menisco. A região de inserção do menisco na tíbia recebe o nome de raiz (sendo a raiz posterior a da inserção na parte de trás do joelho e a raiz anterior a da frente). As lesões podem estar localizadas mais para o centro do menisco ou mais para a periferia. A periferia do menisco é mais vascularizada apresentando melhores condições de cicatrização.
As lesões meniscais apresentam variados padrões de formato, podendo ser mistos e até ocorrer associações de formatos em lesões complexas. O correto entendimento do formato da lesão permite uma programação melhor na escolha do tratamento, uma vez que algumas destas lesões podem responder melhor a determinados tipos de tratamento.
As lesões do menisco medial são por volta de 20 vezes mais frequentes que as lesões do menisco lateral. O menisco medial adere firmemente à cápsula articular e ao ligamento colateral medial, de modo a ficar mais exposto a traumatismos.
Lesões do meniscal medial
O menisco medial é parte do complexo ligamentar medial, sendo inserido na cápsula em toda a sua extensão, além de apoiar-se sobre uma superfície côncava. Isto permite menor mobilidade durante os movimentos articulares. É considerado o menisco da estabilidade. Consideramos três tipos de lesões meniscais mediais: traumáticas, degenerativas ou congênitas.
Lesão traumática do menisco medial
São decorrentes de traumas rotacionais ou axiais, que fraturam a estrutura meniscal. Admitimos que a presença de instabilidade favorece a ocorrência de lesão e então subdividimos as lesões traumáticas em com instabilidade e sem instabilidade. Os paciente portadores de lesões traumáticas informam a data do início dos sintomas e a correlacionam com o trauma. Nos casos com instabilidade articular prévia ao trauma, a lesão meniscal é descrita como um agravamento de episódios anteriores de instabilidade. O paciente refere um quadro inicial rico em sintomas, seguido em geral de um período assintomático. A atividade física é fator desencadeante dos sintomas. Nos portadores de instabilidade os derrames articulares são mais frequentes após os episódios clínicos.
A frequência de derrames articulares está relacionada a lesões condrais, comuns nas instabilidades. Na atividade diária, a articulação é sensível a períodos de prolongada flexão assim como a subida de escadas ou rampas. Nos casos mais avançados, há queixa de falseio, que significa um brusco e repentino bloqueio da contração muscular. Os bloqueios são raros e, na maioria das vezes, consequentes a espasmos musculares e não à interposição do fragmento meniscal.
A ocorrência de bloqueios por interposição do fragmento meniscal é mais frequente nos pacientes portadores de lesões em “alça de balde” (lesões longitudinais), que, em mais de 90% dos casos, está associada à instabilidade anterior.
A lesão longitudinal ou lesão em “alça de balde” geralmente é causada por uma força de torção sobre o joelho fletido ou em semi-flexão. Há três tipos de rupturas, todas começam como uma fenda longitudinal. Se a fenda se estende através de todo o menisco dá origem à lesão em “alça de balde”, na qual os fragmentos estão presos pelas extremidades, sendo este tipo o mais comum. A “alça de balde”, que é o fragmento central, se desloca para o meio da articulação de modo que o côndilo femoral rola sobre a tíbia com o fragmento meniscal interposto. Como o formato anatômico do côndilo femoral faz com que ele ocupe mais espaço dentro da articulação com o joelho extendido, a principal consequência desta lesão é a limitação ou bloqueio para extensão. Em consequência do trauma o paciente cai e passa s sentir dores na região ântero-medial do joelho.
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Lesão degenerativa do menisco medial
São consequência dos processos degenerativos articulares decorrentes do envelhecimento, de sequelas traumáticas ou inflamatórias. Ocorre desgaste do menisco por hiperuso, torções repetitivas do joelho ou mau alinhamento deste.
Portadores de lesões degenerativas do menisco medial não sabem definir a data de início dos sintomas, a não ser em raros casos de pequenos traumas em flexão que lesam os meniscos degenerados.
Os sintomas são basicamente noturnos. Obrigando o paciente a procurar posição apropriada para conciliar o sono. A atitude em flexão é quase a regra, levando o examinador com freqüência a supervalorizar o varo do joelho examinado. Derrames são frequentes, pois a meniscopatia degenerativa está frequentemente associada a lesões condrais. A posição em flexão prolongada é dolorosa, assim como a subida de escadas e rampas. O falseio e o bloqueio são eventuais.
Lesão congênita do menisco medial
Ocorrem em meniscos congenitamente mal formados, como é o caso do menisco discoide. Os portadores de lesão congênita em geral apresentam sintomatologia semelhante àqueles de causa traumática, porém, sem história de trauma proporcional. Em geral um movimento simples leva a sintomas que sugerem lesão meniscal traumática, obviamente demonstrando uma patologia prévia. As alterações congênitas são raras no menisco medial.
Lesão do meniscal lateral
O menisco lateral também poderá apresentar lesões traumáticas, degenerativas e congênitas.
As lesões traumáticas são consequentes a traumas rotacionais, as lesões degenerativas são representadas pelos cistos de menisco externo, e as lesões congênitas pelo menisco externo discoide.
As desigualdades morfológicas e funcionais dos compartimentos medial e lateral do joelho têm uma tradução clínica diferenciada também para os meniscos. Enquanto no menisco medial predominam lesões no corpo posterior e lesões longitudinais como “alça de balde”, no menisco lateral a grande incidência é de lesões horizontais e transversas (radiais), tendo também combinações dessas lesões e processo degenerativo.
Lesões traumáticas do menisco lateral
Lesão tipo “bico de papagaio” (Parrot-Beack)
Descrita por Smillie, é uma lesão peculiar e bastante encontrada no menisco lateral. Consiste na associação de uma lesão horizontal com uma transversal. As lesões horizontais são as mais clássicas encontradas no menisco lateral. Elas advém da própria estrutura e organização das fibras colágenas horizontais que permeiam os 2/3 externos do menisco sob ação do componente cinemático de fricção sobre a sua superfície e da maior mobilidade fisiológica do menisco lateral.
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Lesões transversas ou radiais
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São mais encontradas na borda livre do menisco lateral, podendo-se estender até o meio do menisco. Essa lesão tem suporte anatomo-patológico na presença de fibras de colágeno que ocorrem transversalmente ao menisco e predominam nessa região. Ela é mais frequente no terço médio do menisco e pode evoluir para lesões mais complexas com frequência de traumas.
Lesões longitudinais
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Não são comuns no menisco lateral mas, quando presentes, geralmente estão correlacionadas com instabilidade anterior do joelho e se localizam frequentemente no terço posterior.
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Além dessas lesões já descritas, é necessário lembrar que o menisco lateral apresenta algumas lesões ditas especiais ou deferentes: lesões cística do menisco lateral, intersticiais e do menisco discoide.
Lesões intersticiais
São lesões que existem na intimidade dos meniscos e que passaram a ter comprovação mais definida após os exames com a ressonância magnética. Um trauma no menisco provoca foco de mucina, que é hipocelular, condrócito deficiente e com produção de mucopolissacárideos, que elevam a intensidade do sinal da RM. O menisco lateral por sofrer constantes pressões de deslizamento entre suas superfícies é local frequente dessa patologia.
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Lesões no menisco discoide
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Ocorre quase exclusivamente no menisco lateral e tem prevalência em alguns grupos étnicos, indicando a possibilidade de uma predisposição genética para essa aberração embriológica. Apesar de existirem controvérsias etiológicas e de classificação, os meniscos discoides são encontrados na sua forma completa ou incompleta e no também chamado tipo Wrisberg (ligamento meniscofemoral posterior).
São basicamente de dois tipos: o primeiro tipo de lesão é o menisco discoide com uma estrutura muito espessa nas suas bordas e uma parte central fina que se movimenta em forma de ondas quando o joelho faz flexo-extensão. Podem ocorrer lesões na parte central (horizontais e/ou degenerativas) ou na periferia (lesões longitudinais).
O segundo tipo é o de lesão no menisco discoide, quer na parte central quer na periferia; o menisco é uniformemente espesso e apresenta um processo de degeneração mucoide na sua parte central. Na periferia são comuns as lesões longitudinais que interferem na função do joelho e produzem sintomas e bloqueios. O menisco tipo Wrisberg é espesso e largo, parecendo um menisco de forma normal, mas consideravelmente volumoso. O que ocorre neste tipo de menisco é a ausência de sua fixação do corno posterior. Em geral não tem lesões, sendo apenas livre de inserção no corno posterior.
Exigem algumas considerações importantes por serem às vezes detectadas em crianças e em jovens em fase ainda imatura. Clinicamente, o menisco lateral discoide é bem tolerado por um longo período de vida e é mencionado ter sido encontrado em pacientes já idosos quando se submeteram a cirurgias artroscópicas, em artroplastia e até mesmo em cadáveres.
Lesões degenerativas do menisco lateral
Cisto de menisco lateral
Em 1904, Ebner fez a primeira descrição do ciclo da cartilagem semilunar do joelho. Essa lesão ficou por longo tempo mal definida no aspecto clínico e em relação a sua etiopatogenia. Somente em 1954, Breck apresentou uma revisão da literatura com 1.210 casos, verificando que a maioria deles foi encontrada em trabalhos da indústria pesada de minas ou em soldados, o que o levou a afirmar ser o trauma a causa provável da lesão. Smillie, nas suas publicações, considerou a lesão cística do menisco lateral como bastante comum e que a lesão meniscal estaria presente na maioria das vezes.
Lesão cística do menisco lateral
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É uma lesão complexa, de características horizontal e radial, com componente degenerativo; acomete o menisco na sua parte média e através de um foco do tecido degenerado ou de um pertuito; permite o transvazamento de massa degenerativa e de líquido sinovial para a periferia do menisco, formando um cisto.
A etiologia do cisto do menisco lateral passou por uma fase em que foi considerado como um simples gânglio ou como degeneração mucoide. No presente, admite-se que o cisto contenha um líquido histologicamente similar ao fluido sinovial e que sempre associado com lesões meniscais.
Na patogênese da formação do cisto do menisco, o trabalho de Barrie de 1979 ressaltou que os cistos são associados a lesões do menisco do tipo horizontal e observou trajetos ou pertuitos entre o fim da lesão na cartilagem meniscal e o cisto, concluindo que o cisto é preenchido por líquido sinovial. Ferrer-Roca & Vilalta, em 1980, explicaram os fatores mecânicos que causam as lesões horizontais no menisco lateral.
A fisiopatologia seria de trauma sobre a região lateral do joelho, possivelmente com rotação, provocando deslocamento da superfície superior do menisco lateral, que é menos fixa, sobre a inferior apoiada na tíbia e com menor capacidade de deslizamento. Tanto na avaliação macroscópica como microscópica do menisco lateral, existem fatores que propiciam a formação da lesão horizontal: à luz polarizada percebe-se uma faixa perfurante que divide o menisco numa parte superior e outra inferior, mas que não chega até a borda interna do menisco. Na borda interna, prevalecem fibras colágenas radiais e por isso as lesões meniscais nessa região são de características transversais.
O mecanismo patológico para a formação do cisto seria a lesão horizontal, que bombeia o líquido sinovial em direção à periferia do menisco na fase de apoio e pressão sobre o joelho. O trauma e o conseqüente processo degenerativo geram uma zona de permissibilidade ou mesmo um trajeto para o líquido sinovial por dentro do menisco, que a seguir encontra na parte externa, extra-articular do joelho, anterior ao ligamento colateral lateral, um ambiente frouxo, facilitando o abaulamento das estruturas sinovial e capsular, o que facilita a formação do cisto.
Reagan e cols, em 1989, discutiram a etiopatogenia da lesão cística, que se iniciaria por um trauma no menisco lateral, produzindo um foco hemorrágico seguido de degeneração local. Essa área degenerativa poderia se espalhar centralmente, produzindo lesão meniscal sintomática ainda sem lesão cística. Outra situação seria a da área degenerativa se dirigir tanto para o centro como para a periferia, produzindo lesão meniscal e cisto do menisco. Sugeriram também que a área degenerativa poderia progredir somente para a periferia, aparecendo um cisto sem lesão meniscal. Essa última hipótese é contestada por vários autores como Nisonson, Helfet e Souza, que não encontram cistos do menisco lateral sem uma nítida presença de lesão no menisco.
Segundo Smillie, a lesão cística do menisco lateral “é uma condição que pode ser considerada como ocorrência comum”. O paciente com lesão cística no menisco lateral tem queixas de dor ao longo da face lateral do joelho e exibe, ao exame clínico, uma massa tipo cística ao nível da interlinha lateral, dolorosa á palpação e que melhora com repouso. Apresenta também o clássico “sinal de desaparecimento”, que é um sinal físico de diminuição do tamanho do cisto quando o joelho é fletido. A grande maioria dos autores sugere que a associação entre o trauma, o cisto e a lesão no menisco lateral são indissociáveis. A queixa de dor é provavelmente devida à lesão do menisco, que progride com a continuidade da agressão pela atividade física ou pelo esporte. Souza, estudando pacientes que tinham sintomatologia bastante similar a outros que eram portadores de cisto do menisco lateral, mas que ainda não apresentavam o cisto, sugeriu que eles teriam “lesões meniscais pré-císticas”, que possivelmente evoluiriam com o tempo, para se tornarem císticas, se não tratadas precocemente por cirurgia artroscópica, com ressecção parcial da lesão radial inicial ou mesmo das lesões horizontais e degenerativas quando presentes.
Alterações congênitas do menisco lateral
Menisco lateral discoide
O menisco lateral discoide é condição rara, ocorrendo com mais frequência no compartimento lateral do joelho, havendo, relativamente, poucos casos descritos de menisco discoide medial. Com frequência é unilateral, havendo relato de casos bilaterais, tanto laterais, como mediais. Não há predileção por sexo, sendo esta condição raramente diagnosticada na infância.
A síndrome de “Snapping Knee” é descrita como manifestação típica do menisco discóide lateral. A etiologia foi atribuída por Smillie, em 1948, à falha no desenvolvimento embrionário, hipótese refutada por Kaplan, cujos estudos embriológicos provaram não haver, no desenvolvimento do menisco humano, etapa em que apresente aspecto discóide. Kaplan também mostrou as alterações de inserção posterior e o papel do ligamento de Wrisberg na etiopatogenia.
Várias classificações para o menisco discoide foram propostas, baseadas em aspectos embriológicos (tipos primitivos, intermediário e infantil de Smillie), artrográficos (os seis tipos de Hall) e artroscópicos (tipos completo, imcompleto e ligamento de Wrisber e de Watanabe). Na maioria dos trabalhos pesquisados, o tratamento instituído foi meniscectomia total.